Imprensa: Fonte Primária da História

Resumo

A atividade jornalística e a historiografia compartilham a função de relatar fatos. Embora normalmente esta volta ao passado para cumprir seu papel e aquela se empenha com o factual, ambas as práticas estão centradas em registrar o que de mais importante acontece na sociedade. As inter-relações entre Jornalismo e História atualmente estão inspirando muitas pesquisas. Jornalistas vasculham arquivos para divulgar fatos (ou alguns de seus detalhes) inéditos; historiadores folheiam revistas e jornais antigos em busca de dados para facilitar ou incrementar suas pesquisas. O bom trabalho jornalístico, entendido como o relato ético, fiel, compreensível da realidade, permite essa troca. O assunto é instigante e abre muitas possibilidades de discussão. Neste trabalho, propomos um debate que permite valorizar a ação jornalística como uma fonte primária da história. Pretendemos ressaltar o quanto pode ser útil e produtivo a um historiador recorrer aos registros da imprensa para levantar e ou complementar informações pertinentes às suas investigações, apesar dos meios de comunicação de massa terem sido alvo de severas e freqüentes críticas de pesquisadores por não cumprirem a função social de informar e educar, por trabalham ideologicamente a informação de forma que ela possa ser o mais vendível possível, por distorcerem fatos, por reservarem espaços nobres ao sensacionalismo, entre outros absurdos. Logicamente, todo historiador atento conhece esse comportamento da mídia e sabe discernir entre o que tem e o que não tem qualidade, entre o que serve ou o que não serve como referencial. Por isso, não vamos nos embrenhar nesta questão filosófica exaustiva e infindável, mas sim nos ater a ressaltar o potencial que aflora da afinidade entre as duas áreas: jornalismo e história. Este é o objetivo principal deste trabalho, que será ilustrado com exemplos expressivos de testemunhos imortalizados pela imprensa.