Citopatologia da Infecção Causada por BmNPV no Tegumento de Bombyx mori L., 1758 (lepidoptera: Bombycidae)

Resumo

Lagartas de Bombyx mori foram infectadas oralmente com uma suspensão de Nucleopolyhedrovirus (BmNPV), isolado no Paraná. Em diferentes tempos pós-inoculação, quarenta e oito lagartas foram anestesiadas, dissecadas e o tegumento foi retirado e fixado em DuBosq Brasil. O material seguiu o processamento histológico de rotina, sendo corado pela técnica de Azan modificado. As evidências de infecção do tegumento por BmNPV foram detectadas no 5º dia pós-inoculação e a citopatologia permitiu a análise de diversas etapas do processo infeccioso: o núcleo das células epiteliais se apresentou hipertrofiado com a formação do estroma virogênico ou viroplasma, local onde os vírions são produzidos; posteriormente, os vírions são ocluídos em um cristal protéico, o poliedro; ao final do processo infeccioso ocorre lise celular e liberação dos poliedros na hemolinfa. No 6º dia pós-inoculação, foi verificado, ao longo do tegumento, o desarranjo estrutural da procutícula, havendo a formação de espaços entre as lâminas sobrepostas. Estes espaços eram, por vezes, ocupados pelo vírus. Estas análises se relacionam com as manifestações sintomatológicas de fragilidade e ruptura do tegumento, que ocorrem no mesmo período. O líquido leitoso, conseqüentemente liberado, se constitui de restos de células lisadas e de poliedros (BmNPV). Assim, a ruptura do tegumento auxilia na dispersão da doença no barracão de criação do bicho-da-seda, possibilitando a infecção de outras lagartas na criação. Vinte e quatro lagartas controle, processadas da mesma maneira que o material inoculado com o BmNPV, não apresentaram nenhum sinal de infecção.