ATIVISMO JUDICIAL, BACKLASH E MARCO TEMPORAL DE OCUPAÇÃO INDÍGENA NO BRASIL: RESISTÊNCIA E REPERCUSSÕES

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25110/rcjs.v27i2.2024-11300

Palavras-chave:

Ativismo Judicial, Backlash, Democracia, Marco Temporal de Ocupação Indígena, Supremo Tribunal Federal

Resumo

O Brasil passa por um momento de tensões entre os Poderes Legislativo e Judiciário. A jovem democracia brasileira está sendo atingida por erosões, aptas a lhe causar recuos no regime político, conforme se denota a partir do estudo da Teoria do Pêndulo Democrático, de Arthur Schelesinger Jr. Grupos políticos e parte da sociedade têm criticado decisões judiciais, em especial as proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, acusando a Corte de uma postura de excessivo ativismo judicial. Exemplo dessas manifestações sociais e institucionais podem ser percebidas em casos paradigmáticos, como ocorreu no leading case julgado no Recurso Extraordinário (RE) nº 1.017.365/SC, que estabeleceu a definição do estatuto jurídico-constitucional das relações de posse das áreas de tradicional ocupação indígena à luz das regras dispostas no artigo 231 do texto constitucional (Tema 1031), cuja decisão da Suprema Corte foi no sentido da inconstitucionalidade da tese do marco temporal sobre terras indígenas. O Poder Legislativo, em reação a essa decisão, aprovou a Lei nº 14.701 de 2023, que ficou conhecida como “Lei do Marco Temporal”, intensificando as tensões entre os poderes e enfraquecendo as instituições e a democracia.

Biografia do Autor

Rodrigo de Lima Leal, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa – IDP

Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa – IDP.

Jean Mallmann, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP)

Mestre em Direito pelo Centro Universitário Guanambi (UniFG) e mestre em Direito das Relações Internacionais pela Universidad de la Empresa (UDE), no Uruguai. Especialista em Direito Notarial e Registral, Constitucional, Tributário e Processual Civil. Doutorando em Direito pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP); doutorando em Território, Ambiente e Sociedade pela Universidade Católica de Salvador (UcSal) e aluno do curso intensivo do Doutorado em Direito Civil pela Universidad de Buenos Aires (UBA), na Argentina. Mestrando em Políticas Sociais e Cidadania pela UcSal e mestrando em Direitos Fundamentais e Cultura Jurídica pela Universidad de Girona (UdG), na Espanha. Professor de graduação e pós-graduação em Direito.

Luiz Felipe, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP)

Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).

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Publicado

09-12-2024

Como Citar

Leal, R. de L., Mallmann, J., & Santos, L. F. F. dos. (2024). ATIVISMO JUDICIAL, BACKLASH E MARCO TEMPORAL DE OCUPAÇÃO INDÍGENA NO BRASIL: RESISTÊNCIA E REPERCUSSÕES. Revista De Ciências Jurídicas E Sociais Da UNIPAR, 27(2), 325–344. https://doi.org/10.25110/rcjs.v27i2.2024-11300

Edição

Seção

Artigos