VIVÊNCIAS DE PACIENTES PÓS-CRÍTICOS EM RELAÇÃO À ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DOMICILIAR

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v29i1.2025-11512

Palavras-chave:

Unidades de Terapia Intensiva, Serviços de Assistência Domiciliar, Integralidade em Saúde, Continuidade da Assistência ao Paciente, Pesquisa Qualitativa

Resumo

Devido ao desenvolvimento das Unidades de Terapia Intensiva, mais sobreviventes da doença crítica têm retornado aos seus domicílios, muitas vezes demonstrando incapacidade na realização de suas atividades cotidianas, assim como apresentando a necessidade de assistência em saúde. O objetivo do presente estudo foi compreender as vivências de pacientes com incapacidades funcionais pós-terapia intensiva em relação à assistência em saúde recebida no domicílio. Trata-se de um estudo qualitativo que utilizou o Estudo de Caso como método. A amostra de oito participantes foi composta de modo intencional e fechada pelo critério de saturação teórica. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas que foram complementadas por anotações em diário de campo. A análise de dados se deu pela análise temática de conteúdo proposta por Minayo. Da análise do material empírico oriundo da coleta de dados emergiram duas categorias, sendo: “A vivência de um cuidado descontinuado” e “A vivência de uma assistência em saúde que não se baseia afetiva e efetivamente na integralidade”. Foi possível concluir que os participantes vivenciaram uma assistência em saúde distante da integralidade no retorno ao domicílio, com descontinuidade, pouca afetividade e com falhas na resposta às necessidades de saúde. Propõe-se a adoção de políticas de capacitação junto aos profissionais intensivistas e da atenção primária, com orientação sobre as consequências da doença crítica e sobre o uso de estratégias que garantam a continuidade e integralidade no cuidado a esses pacientes após a alta hospitalar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Camila Zucato da Silva, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Mestra em Ciências da Saúde. Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Enfermagem, Brasil.

Claudinei José Gomes Campos, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Doutor em Ciências da Saúde. Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Enfermagem, Brasil.

Referências

ALVES, L. A.; LEITE, I. C.; MACHADO, C. J. Conceituando e mensurando a incapacidade funcional da população idosa: uma revisão de literatura. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p. 1199-1207, 2008. DOI: http://www.scielo.br/pdf/csc/v13n4/16.pdf.

BARBOSA, M. I. S.; BOSI, M. L. M. Vínculo: um conceito problemático no campo da Saúde Coletiva. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 27, n. 4, p. 1003-1022, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-73312017000400008.

BELGA, S. M. M. F.; JORGE, A. O.; SILVA, K. L. Continuidade do cuidado a partir do hospital: interdisciplinaridade e dispositivos para integralidade na rede de atenção à saúde. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 46, n. 133, p. 551-570, 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-1104202213321.

BITENCOURT, R. R. et al. O processo de formação em saúde: uma análise dos planos de ensino das atividades curriculares obrigatórias. Saberes Plurais Educação na Saúde, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 62–78, 2020. DOI: https://doi.org/10.54909/sp.v4i1.102022.

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 jun. 2013. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Capítulo II: Dos Princípios e Diretrizes, 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 1 abr. 2025.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 825, de 25 de abril de 2016. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as equipes habilitadas. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/prt0825_25_04_2016.html. Acesso em: 1 abr. 2025.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Capítulo I - Das Redes de Atenção à Saúde (art. 2º ao art. 3º). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0003_03_10_2017.html#CAPITULOI. Acesso em: 1 abr. 2025.

BRONDANI, J. E. et al. Desafios da Referência e Contrarreferência na Atenção em Saúde na Perspectiva dos Trabalhadores. Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 21, n. 1, p. 01-08, 2016. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/43350/27700. Acesso em: 1 abr. 2025.

CECÍLIO, L. C. O. As Necessidades de Saúde como Conceito Estruturante na Luta pela Integralidade e Equidade na Atenção em Saúde. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (org.). Os Sentidos da Integralidade na atenção e no cuidado à saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2009. p. 117-129.

CECÍLIO, L. C. O.; MERHY, E. E. A Integralidade do Cuidado como Eixo da Gestão Hospitalar. In: PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (org.). Construção da Integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2005. p. 197-210.

COSTA, J. W. S. et al. Clinical relationships of Post-COVID-19 syndrome with Post-Intensive Care Syndrome: a scope review. Online Brazilian Journal of Nursing, Niterói, v. 22, e20236632, 2023. DOI: https://doi.org/10.17665/16764285.20236632.

COSTA, M. F. B. N. A. et al. A continuidade do cuidado de enfermagem hospitalar para a Atenção Primaria à Saúde na Espanha. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 53, e03477, 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/S1980220X2018017803477.

CUNHA, M. S.; SÁ, M. C. A visita domiciliar na Estratégia de Saúde da Família: os desafios de se mover no território. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 17, n. 44, p. 61-73, 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/icse/v17n44/a06v17n44.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

CZERWONKA, A. I. et al. Changing support needs of survivors of complex critical illness and their family caregivers across the care continuum: A qualitative pilot study of Towards RECOVER. Journal of Critical Care, Philadelphia, v. 30, p. 242-249, 2014. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jcrc.2014.10.017.

DAVIDSON, J. E.; HOPKINS, R. O.; LOUIS, D.; IWASHYNA, T. J. Post-intensive Care Syndrome. Society of Critical Care Medicine, 2013. Disponível em: https://www.sccm.org/MyICUCare/THRIVE/Post-intensive-Care-Syndrome. Acesso em: 1 abr. 2025.

DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. (ed.). Handbook of qualitative research. Thousand Oaks: Sage Publications, 1994. 992 p.

EGEROD, I. et al. ICU-recovery in Scandinavia: A comparative study of intensive care follow-up in Denmark, Norway and Sweden. Intensive and Critical Care Nursing, London, v. 29, n. 2, p. 103-111, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.iccn.2012.10.005.

GEENSE, W. W. et al. New physical, mental, and cognitive problems 1 year after ICU admission. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, New York, v. 203, n. 12, p. 1512-1521, 2021. DOI: https://doi.org/10.1164/rccm.202009-3381OC.

GOMES, A. M. M. et al. Cuidar e Ser Cuidado: Relação Terapêutica Interativa Profissional-Paciente na Humanização da Saúde. Revista APS, Juiz de Fora, v. 14, n. 4, p. 435-446, 2011. Disponível em: https://aps.ufjf.emnuvens.com.br/aps/article/view/1267/555. Acesso em: 1 abr. 2025.

GOODMAN, H. Discharging patients from acute care hospitals. Nursing Standard, London, v. 30, n. 24, p. 49-57, 2016. DOI: https://doi.org/10.7748/ns.30.24.49.s47.

GOVINDAN, S. et al. Issues of Survivorship Are Rarely Addressed during Intensive Care Unit Stays-Baseline Results from a Statewide Quality Improvement Collaborative. Annals of the American Thoracic Society, New York, v. 11, n. 4, p. 587-591, 2014. DOI: https://doi.org.10.1513/AnnalsATS.201401-007BC.

GRIFFITHS, J. A.; GAGER, M.; WALDMANN, C. Follow-up after intensive care. BJA Education, Oxford, v. 4, n. 6, p. 202-205, 2004. DOI: https://doi.org/10.1093/bjaceaccp/mkh054.

HAGGERTY, J. L. et al. Continuity of care: a multidisciplinary review. BMJ, London, v. 327, n. 7425, p. 1219-1221, 2003. DOI: https://doi.org/10.1136/bmj.327.7425.1219.

HAINES, K. J. et al. Transitions of Care After Critical Illness-Challenges to Recovery and Adaptive Problem Solving. Critical Care Medicine, Baltimore, v. 49, n. 11, p. 1923-1931, 2021. DOI: https://doi.org/10.1097/CCM.0000000000005095.

KAUKONEN, K. et al. Mortality related to severe sepsis and septic shock among critically ill patients in Australia and New Zealand, 2000–2012. JAMA, Chicago, v. 311, n. 13, p. 1308-1316, 2014. DOI: https://doi.org/10.1001/jama.2014.2637.

KERRI, A. E. et al. Standardizing Communication from Acute Care Providers to Primary Care Providers on Critically Ill Adults. American Journal of Critical Care, Aliso Viejo, v. 26, n. 6, p. 496-501, 2015. DOI: http://doi.org/10.4037/ajcc2015332.

LASITER, S.; BOUSTANI, M. A. Critical Care Recovery Center: Making the Case for an Innovative Collaborative Care Model for ICU Survivors. American Journal of Nursing, Philadelphia, v. 115, n. 3, p. 24-46, 2015. DOI: https://doi:10.1097/01.NAJ.0000461807.42226.3e.

LEGGETT, N. et al. Fragmentation of care between intensive and primary care settings and opportunities for improvement. Thorax, London, v. 78, n. 12, p. 1181-1187, 2023. DOI: https://doi.org/10.1136/thorax-2023-220387.

MÁCA, J. et al. Past and Present ARDS Mortality Rates: A Systematic Review. Respiratory Care, Irving, v. 62, n. 1, p. 113-122, 2017. DOI: https://doi.org/10.4187/respcare.04716.

MAROCO, M. F. P. Limitações e Potencialidades da Visita Domiciliar como Ferramenta Assistencial na Saúde da Família. 2014. 25 f. TCC (Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/Limita%C3%A7oes_potencialidades_visita_domiciliar.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

MARTIMBIANCO, A. L. C. et al. Frequency, signs and symptoms, and criteria adopted for long COVID- 19: A systematic review. International Journal of Clinical Practice, Oxford, v. 75, n. 10, e14357, 2021. DOI: https://doi.org/10.1111/ijcp.14357.

MENDES, E. V. As Redes de Atenção à Saúde. 2. ed. Brasília, DF: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/redes_de_atencao_saude.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 14. ed. São Paulo: Hucitec, 2014. 416 p.

MYERS, E. A.; SMITH, D. A.; ALLEN, S. R.; KAPLAN, L. J. Post-ICU syndrome: Rescuing the undiagnosed. Journal of the American Academy of Physician Assistants, Wolters Kluwer, v. 29, n. 4, p. 34-37, 2016. DOI: https://doi.org/10.1097/01.JAA.0000481401.21841.32.

NEEDHAM, D. M. et al. Improving long-term outcomes after discharge from intensive care unit: Report from a stakeholders’ conference. Critical Care Medicine, Baltimore, v. 40, n. 2, p. 502-509, 2012. DOI: https://doi.org/10.1097/CCM.0b013e318232da75.

PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (org.). Construção da Integralidade: cotidiano, saberes e práticas em saúde. 4. ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2003. 232 p.

PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (org.). Cuidado: as fronteiras da Integralidade. 3. ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2013. 308 p.

PINHEIRO, R.; MATTOS, R. A. (org.). Os Sentidos da Integralidade na atenção e no cuidado à saúde. 8. ed. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2009. 184 p.

REZENDE, G. P. Vínculo na Estratégia Saúde da Família na perspectiva de usuários e profissionais de saúde. 2015. 101 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/ANDO-9WRJCJ/1/gabrielli_pinho_de_rezende.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

SANTOS, R. L.; VIRTUOSO JÚNIOR, J. S. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Atividades Instrumentais da Vida Diária. Revista Brasileira de Promoção da Saúde, Fortaleza, v. 21, n. 4, p. 290-296, 2008. Disponível em: http://hp.unifor.br/pdfs_notitia/2974.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

SEHGAL, P. et al. Critical Care Education and the ICU Care Continuum. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, New York, v. 209, n. 4, p. 360-361, 2024. DOI: https://doi.org/10.1164/rccm.202310-1734VP.

SOUSA, E. F. S.; COSTA, E. A. O.; DUPAS, G.; WERNET, M. Acompanhamento de famílias de crianças com doença crônica: percepção da equipe de Saúde da Família. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 47, n. 6, p. 1367-1372, 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0080-623420130000600017.

SOUZA, M. C. et al. Integralidade na atenção à saúde: um olhar da Equipe de Saúde da Família sobre a fisioterapia. Mundo Saúde, São Paulo, v. 36, n. 3, p. 452-460, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/mundo_saude/integralidade_antecao_saude_olhar_equipe.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

TRAD, L. A. B.; ROCHA, A. A. R. M. Condições e processo de trabalho no cotidiano do Programa Saúde da Família: coerência com princípios da humanização em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 1969-1980, 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v16n3/31.pdf. Acesso em: 1 abr. 2025.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2009. 87 p.

TURATO, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. 685 p.

UTZUMI, F. C. et al. Continuidade do cuidado e o interacionismo simbólico: um entendimento possível. Texto & Contexto - Enfermagem, Florianópolis, v. 27, n. 2, e4250016, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/0104-070720180004250016.

VAN DER SCHAFF, M. et al. Recommendations for intensive care follow-up clinics; report from a survey and conference of Dutch intensive cases. Minerva Anestesiologica, Turin, v. 81, n. 2, p. 135-144, 2015. Disponível em: https://www.minervamedica.it/en/journals/minerva-anestesiologica/article.php?cod=R02Y2015N02A0135. Acesso em: 1 abr. 2025.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.

ZILAHI, G.; O’CONNOR, E. Information sharing between intensive care and primary care after an episode of critical illness; a mixed methods analysis. PLoS ONE, San Francisco, v. 14, n. 2, e0212438, 2019. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0212438.

Downloads

Publicado

07-07-2025

Como Citar

SILVA, Camila Zucato da; CAMPOS, Claudinei José Gomes. VIVÊNCIAS DE PACIENTES PÓS-CRÍTICOS EM RELAÇÃO À ASSISTÊNCIA EM SAÚDE DOMICILIAR. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, [S. l.], v. 29, n. 1, p. 553–573, 2025. DOI: 10.25110/arqsaude.v29i1.2025-11512. Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/11512. Acesso em: 5 dez. 2025.

Edição

Seção

Artigos