O ENSINO DE CUIDADOS PALIATIVOS NA GRADUAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA: UM OLHAR MULTICÊNTRICO

Autores

  • Paulo Cavalcante Apratto Junior Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)
  • Leila Chevitarese Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)
  • Ana Maria Porto Costa Universidade Estácio de Sá (UNESA)
  • Sabrina Chevitarese Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)
  • Marcia Silveira Ney Universidade do Grande Rio (UNIGRANRIO)
  • Leandro Andrade da Silva Universidade Veiga de Almeida (UVA)

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i8.2023-037

Palavras-chave:

Cuidados Paliativos, Educação Médica, Doença Crônica, Envelhecimento, Atenção Primária à Saúde

Resumo

Cuidados Paliativos (CP) consiste em uma modalidade multiprofissional onde pacientes fora de possibilidade de cura e sua família, recebem cuidados totais, ativos e integrais amparados pelo direito do paciente de morrer com dignidade. Apesar de ser uma modalidade assistencial crescente no mundo, ainda é pouco abordada na formação médica brasileira. Os objetivos do presente trabalho são discutir a importância da incorporação do tema na formação médica sob a luz da legislação vigente, a visão e o cuidado ofertado pelos CP e apresentar como sugestão uma disciplina sobre cuidados paliativos para a matriz curricular do curso de medicina. O avanço das tecnologias médicas tem prolongado e, possibilitado melhorias para a qualidade de vida da população, mesmo diante de casos de doenças graves, sem possibilidade terapêutica, incapacitantes e progressivas. A formação adequada de profissionais médicos com os recursos da paliação tem exigido que escolas médicas atendam às necessidades de saúde dos pacientes e de seus familiares. Estudantes de medicina devem ter acesso à comunicação compassiva e efetiva com pacientes, gerenciamento de dor e outros sintomas, princípios e boas práticas de cuidados paliativos. O conhecimento dos critérios para indicação de cuidados paliativos precoces e o manejo dos cuidados de fim de vida incluindo, além do controle de sintomas de sofrimento físico, a abordagem de aspectos psicossociais, espirituais e culturais dos pacientes e a identificação de riscos potenciais de luto são primordiais para a prática. Diante disso, a necessidade da inserção do ensino em CP na graduação tornou-se evidente, culminando nas publicações de Resoluções para abranger as prerrogativas previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o Curso de medicina. Essa discussão torna-se fundamental diante do cenário que atravessamos com a expansão de escolas médicas no país. Discute-se que uma proposta multicêntrica de disciplina transversal sobre cuidados paliativos inserida na matriz curricular do curso de medicina como um modelo factível para a sua abordagem.

Referências

Arrieira, I. C. de O., Thofehrn, M. B., Porto, A. R., Moura, P. M. M., Martins, C. L., & Jacondino, M. B. (2018). Espiritualidade nos cuidados paliativos: experiência vivida de uma equipe interdisciplinar. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 52. https://doi.org/10.1590/s1980-220x2017007403312

Bifulco, V. A., & Iochida, L. C. (2009). A formação na graduação dos profissionais de saúde e a educação para o cuidado de pacientes fora de recursos terapêuticos de cura. Revista Brasileira de Educação Médica, 33(1), 92–100. https://doi.org/10.1590/S0100-55022009000100013

BRASIL. (2001). Ministério da Educação. Parecer CNE/CES no 1.133/2001, aprovado em 7 de agosto de 2001 - Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2001/pces1133_01.pdf

Brasil. (2012). CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução n. 1.995/2012 - O livre arbítrio do paciente e as diretivas antecipadas de vontade. https://portal.cfm.org.br/artigos/o-livre-arbitrio-do-paciente-e-as-diretivas-antecipadas-de-vontade/

Brasil. (2013). Ministério da Saúde. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes _cuidado_pessoas _doencas_cronicas.pdf

BRASIL. (2022). Ministério da Educação. Resolução CNE/CES no 3/2014. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. https://www.semesp.org.br/legislacao/resolucao-cne-ces-3-de-3-de-novembro-de-2022/

Caldas, G. H. de O., Moreira, S. de N. T., & Vilar, M. J. (2018). Palliative care: A proposal for undergraduate education in Medicine. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 21(3), 261–271. https://doi.org/10.1590/1981-22562018021.180008

Campos, G. W. de S., & Amaral, M. A. do. (2007). A clínica ampliada e compartilhada, a gestão democrática e redes de atenção como referenciais teórico-operacionais para a reforma do hospital. Ciência & Saúde Coletiva, 12(4), 849–859. https://doi.org/10.1590/S1413-81232007000400007

Castro, A. A. (2022). Medical education in Palliative Care in Brazil: Perception of medical school teachers. https://doi.org/10.36367/ntqr.12.2022.e610

Castro, A. A., Taquette, S. R., & Marques, N. I. (2021). Cuidados paliativos: inserção do ensino nas escolas médicas do Brasil. Revista Brasileira de Educação Médica, 45(2). https://doi.org/10.1590/1981-5271v45.2-20200162

Castro, I. de A., Castro, N. A. de A., Nogueira, B. R., Carvalho, N. A., & Figueiredo Júnior, H. S. de. (2022). Cuidados paliativos oncológicos e manejo dos sintomas relacionados ao câncer e seu tratamento: revisão de literatura. Revista Eletrônica Acervo Médico, 18, e10970. https://doi.org/10.25248/reamed.e10970.2022

Da Silva Junior, M. D., Da Silva, R. R., Santos, M. I. S., Ferreira, A. R. A., & Passos, J. P. (2023). OS EFEITOS DA PANDEMIA NO BEM-ESTAR DOS ENFERMEIROS BRASILEIROS NO COMBATE AO COVID-19: UMA REVISÃO DE ESCOPO. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, 27(2), 701–719. https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i2.2023-011

Dadalto, L., Tupinambás, U., & Greco, D. B. (2013). Diretivas antecipadas de vontade: um modelo brasileiro / Directivas anticipadas: un modelo brasileño / Advanced directive: a Brasilian model. Rev. bioét., 21 (3):, 463–476. https://www.scielo.br/j/bioet/a/SzZm7jf3WDTczJXfVFpF7GL/?format=pdf&lang=pt

Daher, D. V., Espírito Santo, F. H. do, & Escudeiro, C. L. (2002). Cuidar e pesquisar: práticas complementares ou excludentes? Revista Latino-Americana de Enfermagem, 10(2), 145–150. https://doi.org/10.1590/S0104-11692002000200004

Dall’Oglio, L. M., Reinert, C., Digner, I. de S., Deina, M., & Sfredo, L. R. (2021). Ensino de Cuidados Paliativos nas escolas médicas brasileiras: uma revisão integrativa. Espaço para a Saúde - Revista de Saúde Pública do Paraná, 22, 1–8. https://doi.org/10.22421/1517-7130/es.2021v22.e705

Delgado, S. A. do P., & Santos, D. M. A. de A. P. dos. (2020). Ensino dos Cuidados Paliativos no Brasil”. Revista Acadêmica Online, 6(32), 1–12. https://doi.org/10.36238/23595787.artcient.10052020

Falcão, E. B. M., & Mendonça, S. B. (2009). Formação médica, ciência e atendimento ao paciente que morre: uma herança em questão. Revista Brasileira de Educação Médica, 33(3), 364–373. https://doi.org/10.1590/S0100-55022009000300007

Falcão, L. F. de A. B. M. (2013). Social representation of death and medical education: the importance of ICU. Rev. bras. educ. med, 37, 2. https://www.scielo.br/j/rbem/a/QV4RWZ6Np6jLXXSt39hsyJS/abstract/?lang=en

Freitas, A. P. (2005). Morte: ainda excluída do ensino médico? Masters Thesis, Rio de Janeiro: Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). https://scirp.org/reference/referencespapers.aspx?referenceid=1241207

Fundo de População das Nações Unidas, & (UNFPA). (2012). Envelhecimento no Século XXI: Celebração e Desafio. https://www.unfpa.org/sites/default/files/pub-pdf/Portuguese-Exec-Summary_0.pdf

Gervásio, R. D., Ribeiro, R. P., Neto, A. G., Boechat, I. T., & Cabral, H. L. T. B. (2018). A Obstinação Terapêutica E O Prolongamento Da Vida Para Além Da Dor. Revista Transformar, v. 12, n. http://www.fsj.edu.br/transformar/index.php/transformar/issue/viewFile/14/12

GOMES, A. L. Z., & OTHERO, M. B. (2016). Cuidados paliativos. Estudos Avançados, 30(88), 155–166. https://doi.org/10.1590/s0103-40142016.30880011

Gomes, B. M. M., Salomão, L. A., Simões, A. C., Rebouças, B. O., Dadalto, L., & Barbosa, M. T. (2018). Diretivas antecipadas de vontade em geriatria. Revista Bioética, 26(3), 429–439. https://doi.org/10.1590/1983-80422018263263

Hermes, H. R., & Lamarca, I. C. A. (2013). Cuidados paliativos: uma abordagem a partir das categorias profissionais de saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 18(9), 2577–2588. https://doi.org/10.1590/S1413-81232013000900012

INCA. (2022). A avaliação do paciente em cuidados paliativos. https://ninho.inca.gov.br/jspui/handle/123456789/11605

Junior, M. D. da S., Silva, R. R., Santos, M. I. S., Ferreira, A. R. A., & Passos, J. P. (2023). OS EFEITOS DA PANDEMIA NO BEM-ESTAR DOS ENFERMEIROS BRASILEIROS NO COMBATE AO COVID-19: UMA REVISÃO DE ESCOPO. Arq. ciências saúde UNIPAR, v. 27 n. 2. https://doi.org/https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i2.2023-011

Kalache, A., Veras, R. P., & Ramos, L. R. (1987). O envelhecimento da população mundial: um desafio novo. Revista de Saúde Pública, 21(3), 200–210. https://doi.org/10.1590/S0034-89101987000300005

Kanashiro, A. C. de S., Grandini, R. I. C. M., & Guirro, Ú. B. do P. (2021). Cuidados paliativos e o ensino médico mediado por tecnologias: avaliação da aquisição de competências. Revista Brasileira de Educação Médica, 45(4). https://doi.org/10.1590/1981-5271v45.4-20210254

Mendes, E. V. (2011). AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE - Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/redes_de_atencao_saude.pdf

Pessini, L., & Bertachini, L. (2006). NUEVAS PERSPECTIVAS EN CUIDADOS PALIATIVOS. Acta bioethica, 12(2). https://doi.org/10.4067/S1726-569X2006000200012

Pineli, P. P., Krasilcic, S., Suzuki, F. A., & Maciel, M. G. S. (2016). Cuidado Paliativo e Diretrizes Curriculares: Inclusão Necessária. Revista Brasileira de Educação Médica, 40(4), 540–546. https://doi.org/10.1590/1981-52712015v40n4e01182015

Skaba, M. F. (2005). Humanização e cuidados paliativos. Ciência & Saúde Coletiva, 10(3), 782–784. https://doi.org/10.1590/S1413-81232005000300035

Souza, M. C. dos S., Jaramillo, R. G., & Borges, M. da S. (2021). Conforto de pacientes em cuidados paliativos: revisão integrativa. Enfermería Global, 20(1), 420–465. https://doi.org/10.6018/eglobal.420751

WHO. World Health Organization. (2005). Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. 60p.: il. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf

WHO. World Health Organization. (2020). Global Atlas of Palliative Care 2nd Edition - London UK. https://cdn.who.int/media/docs/default-source/integrated-health-services-(ihs)/csy/palliative-care/whpca_global_atlas_p5_digital_final.pdf?sfvrsn=1b54423a_3

Downloads

Publicado

21-08-2023

Como Citar

APRATTO JUNIOR, Paulo Cavalcante; CHEVITARESE, Leila; COSTA, Ana Maria Porto; CHEVITARESE, Sabrina; NEY, Marcia Silveira; DA SILVA, Leandro Andrade. O ENSINO DE CUIDADOS PALIATIVOS NA GRADUAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA: UM OLHAR MULTICÊNTRICO. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, [S. l.], v. 27, n. 8, p. 4754–4769, 2023. DOI: 10.25110/arqsaude.v27i8.2023-037. Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/9695. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos