ATIVIDADE FÍSICA, COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ABSENTEÍSMO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Autores

  • Gleison Silva Morais
  • Natiele Resende Bedim
  • Karen Cristine Rodrigues Alves
  • Cláudia Eliza Patrocínio de Oliveira
  • Osvaldo Costa Moreira

DOI:

https://doi.org/10.25110/arqsaude.v27i6.2023-011

Palavras-chave:

Absenteísmo, Professores, Atividade Física, Comportamento Sedentário

Resumo

O absenteísmo é caracterizado pelo distanciamento do funcionário ao trabalho, se tratando de um fenômeno complexo e multifatorial. Devido ao número de afastamentos atribuídos em 2018, o objetivo deste estudo foi verificar a associação entre nível de atividade física (NAF), comportamento sedentário (CS) e absenteísmo de professores da educação básica do município de Divinópolis-MG. A amostra foi composta por 84 docentes de ambos os sexos, com idade média de 45,12±8,88 anos. Realizou-se a identificação do absenteísmo através de questionário sociodemográfico e para NAF e CS utilizou-se o International Physical Activity Questionnarie (IPAQ) - versão curta. O valor de alfa foi estabelecido em 5%. A análise de relação, dada pelo Qui-Quadrado, demonstrou que o não absenteísmo no ano de 2019 está relacionado com exercer cargo efetivo (p=0,030), lecionar no Ensino Fundamental I (p=0,041) e ser fisicamente ativo (p=0,003). Pode-se observar pela correlação de Spearman que o absenteísmo está correlacionado ao NAF (rho=-0,321; p=0,003) e ao cargo exercido (rho= 0,237; p=0,030). A Regressão de Poisson indicou que docentes com cargo temporário apresentaram 74% menos chances de ocorrência de absenteísmo quando comparados àqueles que exerciam cargo efetivo (p<0,001; Exp. β= 0,744; IC=0,655-0,844) e que professores irregularmente ativos demonstraram 123% mais chances de ocorrência de afastamento comparados aos fisicamente ativos (p=0,004; Exp. β= 1,234; IC=1,070-1,423). Conclui-se que docentes fisicamente ativos, que atuavam em cargos temporários no Ensino Fundamental I, comparados com professores do Ensino Infantil, possuíam menor probabilidade de absenteísmo, sugerindo que o NAF pode ser preditor do afastamento de professores da rede municipal.

Referências

ANDRÉ, M. V. A relação entre qualidade de vida no trabalho e saúde mental do trabalhador para professores de educação infantil em uma escola de Tubarão/SC. Psicologia-Tubarão, 2018.

ANJOS, L. A. et al. Tendência do nível de atividade física ocupacional e estado nutricional de adultos ao longo de quatro décadas no Brasil. Rev. Bras. Saúde Ocupacional. v. 43, n. 5 p. 1-12, 2018.

AKKSILP, K. et al. The association between health costs and physical inactivity; analysis from the Physical Activity at Work study in Thailand. Frontiers in Public Health, v. 11, n. 1037699, p. 01-08, 2023.

BRASIL, Ministério da Saúde. Anuário Estatístico da Previdência Social/Ministério da Fazenda, Secretaria de Previdência, Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência. Brasília, 2015. Disponível em: http://sa.previdencia.gov.br/site/2015/08/AEPS-2015-FINAL.pdf. Acesso em: 01/03/2023. _________________________. Guia de Atividade Física Para a População Brasileira. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2021. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_atividade_fisica_populacao_brasileira.pdf> Acesso em: 31/03/2023.

BRASIL. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2021: vigilância de fatores de risco e pro-teção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e dis-tribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas ca-pitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2021 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigitel/vigitel-brasil-2021-estimativas-sobre-frequencia-e-distribuicao-sociodemografica-de-fatores-de-risco-e-protecao-para-doencas-cronicas Acesso em: 17/04/2023

CASPERSEN, C.J.; POWELL, K. E.; CHRISTENSON, M. G. Physical Activity, Exercise, and Physical Fitness: Definitions and Distinctions for Health-Related Research Synopsis. Public Health Reports, v. 100, n. 2, p. 126-131, 1985.

CDC, CENTER DISEASE OF PREVENTION AND CONTROL. Promoting physical activity: a best buy in public health. 2000.

CHASTIN, Sebastien F. M. et al. Combined Effects of Time Spent in Physical Activity, Sedentary Behaviors and Sleep on Obesity and Cardio-Metabolic Health Markers: A Novel Compositional Data Analysis Approach. PLoS ONE. V. 10, n. 10, p. e0139984, 2015.

CHIAVENATO, I. Planejamento de recursos humanos: recursos humanos na empresa. São Paulo: Atlas, p. 27-52, 1981.

CODO, W. Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Editora Vozes; 1999.

CORRÊA, A. C. et al. Benefícios da Atividade Física na Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador. Organizadores: Tatiliana Bacelar Kashiwabara Lamara Laguardia Valente Rocha Letícia Guimarães Carvalho de Souza Lima Ester Viana Carvalho, p. 51, 2019.

COSTA, A. C.; FREITAS, R. G. A “economia dos direitos” laborais em professores do ensino básico: os dilemas entre o absenteísmo e os condicionantes para a progressão na carreira. Ver. Labor. v.1, n. 18, p. 90-104, 2017.

DELCOR, N. S. et al. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Cad. Saúde Pública. v. 20, n. 1, p. 187-196, 2004.

DIAS, S.S. et al. A importância da ginástica laboral na flexibilidade de coluna em servidores do hospital universitário. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 26, n. 2, p. 101-106, 2022.

DIEESE. Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda: mercado de trabalho 2016. São Paulo; 2016.

DE ARAÚJO TEIXEIRA, S; AROSSI, G. A; DOS SANTOS, A. M. P. V. Influência do Estresse no Absenteísmo de professores do Ensino Médio e Fundamental: uma revisão da literatura. Research, Society and Development, v. 10, n. 16, p. e31101623226-e31101623226, 2021.

DE CARVALHO, M. L. N.; ROSSI, F. A professora da educação infantil e suas condições de saúde: avaliação do nível de stress de professoras de um Sistema Municipal de Ensino. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, v. 9, n. 27, p. 132-156, 2018.

DE SOUZA, G. A.; MATTOS, V. B. Satisfação, formação e inserção profissional de egressos de uma universidade pública. Psicologia Revista v. 29, n. 2, p. 489-518, 2020.

DOS SANTOS PORTO, T. N. R. et al. Principais causas de absenteísmo por professores: revisão integrativa de literatura. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 1, p. e5135-e5135, 2021.

EATON, C.B. et al. Predicting physical activity change in men and women in two New England communities. American journal of preventive medicine v. 9, n. 4, p. 209-219, 1993.

FERREIRA, D. C. K.; DE MOURA ABREU, C. B. Professores Temporários: Flexibilização Das Contratações E Condições De Trabalho Docente/Temporary Teachers: flexibilization of contracts and teacher’s work conditions. Trabalho & Educação, v. 23, n. 2, p. 129-139, 2014.

FERREIRA, B. M. A EDUCAÇÃO NÃO PODE SALVAR O MUNDO: REFLEXÕES ACERCA DA SOBRECARGA DE TRABALHO DOCENTE E DA RESPONSABILIDADE SOBRE A FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS. EDUCAÇÃO E CULTURA EM DEBATE. v. 7, n. 1, p. 220-225, 2021.

HIRAI, V. H. G.; RIBEIRO, B. M. S. S.; TESTON, E. F. Redução de perícias médicas baseada na gestão de absenteísmo, rotatividade e qualidade de vida no trabalho. Revista Eletrônica gestão e saúde, v. 9, n. 3, p. 393-406, 2018.

JEON H. J. et al. Early Childhood Special Education Teachers’ Job Burnout and Psychological Stress. Early education and development v. 33, n. 8, p. 1364-1382, 2021.

KIVIMÄKI, M. et al. Sickness absence as a global measure of health: evidence from mortality in the Whitehall II prospective cohort study. Bmj v. 327, n. 1, p. 364, 2003.

KOOHSARI, M. J. et al. Domain-Specific Active and Sedentary Behaviors in Relation to Workers’ Presenteeism and Absenteeism. JOEM – American College of Ocupational and Environmental Medicine, v. 63, n. 10, p. e685-e688, 2021.

LEÃO, A. L. M. et al. Absenteísmo-doença no serviço público municipal de Goiânia: Absenteísmo-doença no serviço público municipal de Goiânia. Revista Brasileira de Epidemiologia v. 18, n. 1, p. 262-277, 2015. _____________. et al. Sickness absence among municipal workers in Brazilian municipality: a secondary data analysis. BMC research notes v. 10, n. 1, p. 773, 2017. _____________. et al. Sickness absence in a municipal public service of Goiânia, Brazil. Revista Brasileira de Epidemiologia v. 18, n.1, p. 262-277, 2015.

LWANGA, S.K.; LEMESHOW S. Sample size determination in health studies: a practical manual. Geneva: World Health Organization; 1991.

MARIZ SÁ, L. C. B. A gestão estratégica frente ao absenteísmo docente: a realidade de duas escolas de Janaúba (MG). Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação/CAEd, Programa de Pós-Graduação em Educação, p. 129, 2014.

MATSUDO, S. et al. Questionário internacional de atividade física (IPAQ): estudo de validade e reprodutibilidade no Brasil. Atividade física & Saúde. v. 6, n. 2, p. 5-18, 2001.

MEDEIROS, A.M.; VIEIRA, M.T. Ausência ao trabalho por distúrbio vocal de professores da Educação Básica no Brasil. Cadernos de Saúde Pública. v. 35, n.1, p. e00171717, 2019.

MEDINA LARROZA, D.; DA SILVA SANTANA, M. L. A (DES) MOTIVAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL. Revista CESUMAR (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas). v. 25, n. 1, 2020.

MITSUNAGA, P. et al. Avaliação de um programa regular de atividade física sobre os custos médico-hospitalares de uma empresa de serviços de saúde. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho v. 16, n. 2, p. 121-127, 2016.

MORGAN, P. J. et al. Fundamental movement skill interventions in youth: a systematic review and meta-analysis. Pediatrics. v. 132, n. 5, p. e1361–e1383, 2013.

MUNCH-HANSEN, T. et al. Global measure of satisfaction with psychosocial work conditions versus measures of specific aspects of psychosocial work conditions in explaining sickness absence. BMC Public Health, v. 8, n. 270, p. 1-8, 2008.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Atividade Física: para adultos de 18 a 64 anos. 2018. Disponível em: https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/physical-activity. Acesso em: 14/11/2019. ____________________________________. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde - CID-10. 8. ed. São Paulo (SP): EDUSP; 2000 a 2018. ____________________________________. Guidelines on physical activity and sedentary behaviour. Geneva: World Health Organization, 2020. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240015128. Acesso em: 31/07/2022.

OWEN, N.; BAUMAN, A. The descriptive epidemiology of a sedentary lifestyle in adult Australians. International Journal of Epidemiology v. 21, n. 2, p. 305-310, 1992.

PEREIRA, S. L. A CONTRIBUIÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NOS DISTÚRBIOS DE ESTRESSE EM DOCENTES: UMA PREOCUPAÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE/PE-BRASIL. Repositorio de Tesis y Trabajos Finales UAA, 2019.

PEREIRA, G. P.; DA SILVA, C. M. G. D. Prática de atividade física e qualidade de vida no trabalho do docente universitário: revisão bibliográfica. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 10, p. 74997-75013, 2020.

PINTO, M. F. N.; DUARTE; CANCELLA, A. M.; VIEIRA, L. M. F. O trabalho docente na educação infantil pública em Belo Horizonte. Revista Brasileira de Educação v. 17, p. 611-626, 2012.

POMERLEAU, J. et al Physical inactivity in the Baltic countries. Preventive medicine. v. 31, n. 6, p. 665-672, 2000.

QUADROS, J. P. V. et al. Formação continuada na educação infantil com enfoque CTS: discussões acerca do campo de experiências espaços, tempos, quantidades, relações e transformações da BNCC. Dissertação de Mestrado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2022.

QUEIRÓGA, M. R. Atividade Física na empresa: relação custo-benefício. Journal of Health Sciences. v. 2, n. 1, p. 197-210, 2000.

REIS, E. J. F. B. et al. Docência e exaustão emocional. Educação e Sociedade, 27 (94), 229-253. 2006.

RIBEIRO, E. H. et al. Desenvolvimento e validação de um recordatório de 24 horas de avaliação da atividade física. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. v. 16, n. 2, p. 132-137, 2011.

ROSS, R. et al. Canadian 24-Hour Guidelines for Adults aged 18-64 yars and Adults aged 65 years or older: an integration of physical activity, sedentary behaviour, and sleep. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism. v. 45, n. 10, p. S57-S102, 2020.

SANTOS, M. N.; MARQUES A. C. Condições de saúde, estilo de vida e características de trabalho de professores de uma cidade do sul do Brasil. Ciência e Saúde Coletiva. v. 18, n. 3, p. 837-846, 2013.

SANTOS, R. et al. Socio-demographic and perceived environmental correlates of walking in Portuguese adults – a multilevel analysis. Health & Place. v.15, n. 1, p. 1094-1099, 2009.

SANTOS, M. N.; MARQUES, A. C. Condições de saúde, estilo de vida e características de trabalho de professores de uma cidade do sul do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 18, n. 1, p. 837-846, 2013.

SILVA, D. M. R. et al. Condições de trabalho e estresse em professores de Escolas Públicas Estaduais de Divinópolis-MG. Educação em Revista, Marília, v.19, n.2, p. 129-142, 2018.

SILVA, K. S. et al. Educação física escolar: guia de atividade física para a população brasileira. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 26, n. 1, p. 1-18, 2021.

SILVA, L. G.; SILVA, M. C. Condições de trabalho e saúde de professores pré-escolares da rede pública de ensino de Pelotas, RS, Brasil. Ciência e Saúde Coletiva. v. 18, n. 11, p. 3137-3146, 2013.

SILVANY, A. M. et al. Condições de trabalho e saúde dos professores da rede particular de ensino de Salvador, Bahia. Revista Baiana de Saúde Pública. v.24, n. 1, p. 42-46, 2000.

SILVA, R. R. V. et al. Fatores associados à prática de atividade física entre professores do nível básico de ensino. Journal of Physical Education. v. 30, n. 1, p. e3037, 2019.

SONNER, SISTEMA DE RECURSOS HUMANOS RELATÓRIO. Relatório absenteísmo-doença período de janeiro de 2017 a outubro de 2018. Disponível em: http://www.divinopo.instarservidor.com.br/portal/servicos/148/Portal-da-Transpar. Acesso em: 6/10/2018.

SOUZA, H. S. et al. A influência da prática de atividade física no estado de humor de mulheres adultas. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, v. 25, n. 2, p. 87-94, 2021.

SUZUKI, C. S.; MORAES, S. A. de; FREITAS, I. C. M. Média diária de tempo sentado e fatores associados em adultos residentes no município de Ribeirão Preto-SP, 2006.

THEODOROSKI, E. F. CONTRIBUIÇÕES DAS PESQUISAS RECENTES SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEMPORÁRIOS NO BRASIL. Revista Educação, Cultura e Sociedade, v. 10, n. 3, 2020.

TOMAS, J. R; NELSON. J. K; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade física. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

WHO, World Health Organization. Guidelines on Physical Activity and Sedentary Behaviour. 2020. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240015128. Acesso em: 10/10/2023.

Downloads

Publicado

02-06-2023

Como Citar

MORAIS, Gleison Silva; BEDIM, Natiele Resende; ALVES, Karen Cristine Rodrigues; DE OLIVEIRA, Cláudia Eliza Patrocínio; MOREIRA, Osvaldo Costa. ATIVIDADE FÍSICA, COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E ABSENTEÍSMO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, [S. l.], v. 27, n. 6, p. 2288–2307, 2023. DOI: 10.25110/arqsaude.v27i6.2023-011. Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/view/10073. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos